Acho que quase todos os posts deste blog já foram ou serão conversa de bar. E esse não será diferente. Penso há algum tempo sobre como colocar em palavras alguns sentimentos tais como amizade, amor, admiração, etc. A minha conclusão é que não dá. Não adianta falar isso ou aquilo. Os sentimentos têm um tratamento clássico, ou seja, não podem ser quantificados por palavras de dicionário, estão no contínuo. O meu pensamento é que mesmo se falarmos ‘eu te amo’ estaremos definindo algum estágio para se amar, ou gostar, ou adorar. E então, qual é? A partir de qual momento passamos a adorar, a gostar? E por aí vai quem for catar outros adjetivos. A partir de qual experiência temos certeza que naquele momento se estabeleceu uma amizade, por exemplo? Isto é, já vivenciamos tudo nesta vida? Se podemos falar ‘te amo’, seria esse o estágio mais avançado de falar se gostamos de alguém? Se for sim, então existe uma cota superior, o que caracterizaria uma quantificação.
As palavras quando se referem a sentimentos são vazias, perdem sentido. Muito bem, mas temos que nos comunicar. É assim que acontece. As palavras incitam, por sua vez, sentimentos e o que estou querendo dizer perde um pouco o sentido. Não tanto assim. Requer contexto sempre, não posso negar. O que trato aqui é de transmissão, canal, e nunca poderemos dizer que amamos alguém da mesma forma como amamos outrem, apesar de as palavras serem as mesmas – sempre num sentido lato, pois poderia falar de raiva, ódio, ira. Concordo que, por exemplo, uma pessoa irada pode ser uma com mais ódio do que raiva e assim por diante. Mas onde há essa distinção? Qual é a linha que os separa? Tal linha não existe. Às vezes devemos nos preocupar menos com esses tipos de palavras e prestar atenção em algo com mais conteúdo. Talvez isso tudo seja uma visão bastante particular, mas é uma visão.
Rodolfo
6 comentários:
Esse já foi um tema bem polêmico de uma conversa em BH city. Mas vamos lá. Concordo em muitas partes com o texto, porém sou mais restrito em certas definições usadas. Concordo que tentar definir pura e friamente os sentimentos é um erro grotesco. Os sentimentos não são passíveis de quantificação absoluta. Porém, nossa compreensão da realidade é algo que vai muito além da quantificação pura e simples da matéria. A capacidade de abstração é essencial para sermos racionais. A racionalidade insossa de lidar apenas com idéias exatas e absolutas condena as pessoas à um poço sem fundo de ignorância. A racionalidade primordialmente parte de idéias, que por sua vez são abstratas. Por isso a capacidade de abstração é tão importante. Questionando a sua própria noção de realidade, mundo, idéias e racionalidade te leva a reestruturar tudo aquilo que vc absorveu durante sua vida e ainda irá absorver.
No caso dos sentimentos eles, muito mais do que algo que é construído na nossa mente, são definidos pelas ações geradas. Definir algo dependendo apenas da relatividade conceitual da sua própria mente não vai render nada. Por isso o referencial das idéias deve residir fora do observador. A intersubjetividade da sociedade é que se torna o referencial para definirmos os sentimentos. Uma cadeia de ações padrões se torna referencial para podermos entender algum sentimento como amor ou ódio. E, obviamente, por não se tratar de algo exato existem variações significativas. Cada ser é constituído de forma diferente, acreditamos em coisas diferentes, viemos de famílias diferentes, escolas diferentes. Por isso as manifestações variam, mas é invevitável reparar em um padrão. A vida não é nenhum grande mistério de experiências. São ciclos, e esses ciclos se repetem. O que muda é como vc vai encarar esses ciclos. As relações humanas se repetem, por mais que achemos que somos únicos, etc. As semelhanças entre grupos sociais são muito maiores do que diferenças. As relações são assim, repetitivas. Por isso acredito n ser muito difícil, nesse ponto da vida, definir meus conceitos de vários sentimentos. E cada um consegue definir bem os sentimentos que têm em relação ao mundo se prestarem bem atenção à tal intersubjetividade e ao padrão que se forma nas relações.
Danda.
É impossível definir com precisão sentimentos utilizando palavras. Simplesmente não dá, e não dá para quantificar, medir, rotular, etc. E eu acho que qualquer tentativa nesse sentido é inútil, uma grande perda de tempo, já que o sentimento vai da experiência de cada um. Por isso eu tenho um pé atrás com esse negócio de religião, porque é complicado você colocar num livro sagrado uma experiência mística que é individual, assim como qualquer outro sentimento. O mesmo acontece com física moderna, expressar o comportamento subatômico com palavras é tão complicado quanto definir um estado alternativo de consciência a partir da linguagem verbal. Por isso esse tipo de coisa é fonte de tanta discussão e polêmica. De qualquer forma, é divertido pensar nesse tipo de coisa.
Um abraço!
Gostei mto do texto estilo "conversa de bar", hehe. Nada melhor do que falar sobre assuntos triviais.
Penso que, apesar das palavras serem limitadas para definirem sentimentos, elas têm um grande poder. Quantas vezes não dizemos coisas à toa, sem dar mta importância, e nos deparamos com reações surpreendentes dos receptores de nossa mensagem. Magoamos sem querer, fazemos alguns rirem e, a outros, as mesmas palavras causam impacto negativo.
Realmente, a vivência, a experiência, a cultura, farão com que cada palavra, cada gesto nosso seja interpretado de forma diferente por cada pessoa e, em mtas vezes, não mostrará o que realmente queríamos dizer.
Sem contar as repetições excessivas de certas sentenças que acabam deixando-as banais.
Como "eu te amo", "estou bem", "saudades", "a gente se vê".
Grande Esquadão!
Um Blog fascinante...com "nítida coragem de pensar"...
Fiquei feliz sua visita SérieEchoes
e seu nobre comentário.
Sobre o Alvaro do Lightness é lamentável..já falei com ele várias vezes para retornarm mas ele está desanimado,,tomou tiro 2 vezes....
Vamos fazer um ProgBlog encontro de todos os amantes de Prog?
JF
intiresno muito, obrigado
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