quarta-feira, 24 de outubro de 2007

"Prioridade"

Eu não canso de sempre falar sobre educação. E pra não ser diferente, mostrarei mais um absurdo que os políticos pretendem praticar. Estão previstos 4,8 bilhões de reais no Orçamento da União para o Ministério da Defesa e apenas 2,1 bilhões de reais para o Ministério da Educação para 2008. Lembro-me bem da posse de Lula quando foi proferido que a educação era "prioridade" no seu segundo mandato. E por que não foi no primeiro? Essa prioridade não foi mostrada concretamente em nenhum momento até agora. Pelo contrário, só ouço palavras vazias e promessas estúpidas que visam somente a concretização a curto prazo, sem nenhum planejamento consistente. Um exemplo é o Brasil fazer acordos internacionais - em outras palavras, as promessa inócuas - em que garante tantos porcentos de aprovados no ensino médio daqui a tantos anos, ou ter um aumento de outros tantos porcentos de alunos no ensino superior. Lula desde o começo do ano teve uma média de 1 viagem internacional a cada 10 dias. Ótimo para fugir das encrencas domésticas. Recentemente, o presidente falou em construir mais universidades públicas. Será que ele não visitou alguma universidade pública? Será que lhe faltam dados sobre as diversas carências de todas as universidades públicas? A lógica do governo é expandir sem qualidade! As quatro universidades construídas por ele são novas, os banheiros ainda devem funcionar em sua plenitude e não há "gatos" na rede elétrica. Mas esperem alguns anos e a falta de atenção de outros governos também será decisiva na concretização da falência do ensino público brasileiro e da dependência tecnológica em vários ramos.
Outro ponto importante e que poucas pessoas tomam nota - e quando o fazem, ouvem inverdades - é sobre o REUNI. Na verdade, o REUNI estava previsto como meta de expansão da oferta do ensino superior no Plano Nacional de Educação, uma lei. REUNI é o decreto 6096 que se chama Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das universidades Federais. Vamos ao que diz o decreto. Ele tem o objetivo de ampliar o acesso e a permanência no ensino superior, no nível de graduação, "pelo melhor aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos existentes nas universidades federais". Ou seja, quase nada. O queixo cai agora, logo no inciso 1 do primeiro artigo: "elevação gradual da taxa de conclusão média dos cursos de graduação presenciais para 90%! e da relação de alunos de graduação em cursos presenciais por professor para 18%! em cinco anos". Se alguém ainda tem dúvida se isso funcionará está fantasiando. Ok. Se isso for cumprido será pior ainda. Ora, se essa meta levasse em conta critérios da boa qualidade e da perpetuação de graduados em nível internacional, não haveria problema. Só que sabemos que essa meta significará péssimos formandos, infraestrutura precária, salários baixíssimos em muitas desgraças mais. Ficará facílimo ser um graduado. A primeira contradição é que pelo PAC, nos próximos 10 anos!, haverá uma limitação na expansão das folhas de pagamento não superior a 1,5% ao ano. Pelo visto a meta está só no pensamento. O governo, com esse decreto, prega uma falsa inclusão social. A aprovação automática é o oposto preconizado para o aumento da qualidade do ensino superior. Com isso, Lulinha paz e amor faz a cabeça dos menos favorecidos. Ainda, até agora 15 universidades aderiram ao REUNI, inclusive a UnB. No entanto, o que acontecerá com as universidades que não aderirem? Ficarão sem uma fatia reservada do bolo?
Finalizando, fica evidente o quanto a cada dia a educação não é tratada como educação e sim, como instrumento de barganha para conseguir votos mergulhados em acordos políticos e remanejamento escusos de verbas públicas. Fica por último mais uma constatação esdrúxula. No próprio decreto 6096, em seu terceiro inciso do terceiro artigo, está escrito que os planos de reestruturação serão condicionados à capacidade orçamentária e operacional do Ministério da Educação. O poço está perto.

Rodolfo

2 comentários:

Esquadrão SS disse...

O poço n tá perto não, o poço já passou e o fundo tá chegando. As políticas sociais do Lula tomam, e sempre tomaram, medidas placebo de ação. E não poderia ser diferente da educação. É todo uma dinâmica obscura de interação entre alas do poder político dentro do país. O congresso é lotado de lobistas que puxam seu peixe tirando o arroz com feijão da mesa do trabalhador. O direcionamento das verbas públicas é completamente cego e torto... Mas isso n é novidade. O grandfe problema é o governo tentar tapar esses buracos com medidas idiotas como o REUNI. Existem vários incisos que seriam bastantes efetivos se fossem embasados numa política séria de educação. Porém, toda a previsão de reestruturação do sistema de ensino superior, assim como a compra de bens e serviços necessários para a otimização do aparato, necessitam de injeção direta de verba. Se a lei existe, mas n há como cumpri-la... E aí, a gente fica parado olhando pra parede? É uma situação de bate-volta, e um joga pro outro a responsabilidade. No final das contas o status quo é mantido, e a alienação do povo se fortalece....

Danda

mirimalle disse...

A educação no Brasil sempre esteve em último plano. Esta é a realidade. Quem não conhece a problemática do ensino público do Brasil? Falta profissional, falta papel e acima de tudo, educação. E quem se importa com educação...? O objetivo é manter o senso comum e intensificar a idiotização das massas. O ensino superior também é muito falho e forma “profissionais” que não possuem o mínimo de conhecimento, qualificação e senso crítico. Agora, o governo quer implementar um programa que só tem o objetivo de maquiar uma situação que o país carrega a séculos. Os problemas sociais do Brasil vêm de longa data, não adianta tomar medidas imediatistas, pois assim elas serão. Surgirão, e com pouco tempo desaparecerão. Os efeitos positivos não surgirão a longo prazo. Chega dessa política retrógrada. É fato que não há como resolver os problemas sociais do país e ainda mais se o governo continuar com a idéia e o objetivo de aparentar uma evolução que de fato, não haverá.