quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Pensamento Científico - Revisited
Uma das principais diferenças fundamentais entre Religião e Ciência é o método científico. Isto é, podemos ser tão criativos em criar deuses quanto leis. Ambos não precisam de provas e estão engendrados em nossa observação e flexibilidade de definição. Alguns creditam fenômenos naturais a entidades para explicar e/ou predizer fatos. Alguns não, todos. Só estamos mudando nomes, palavras, pois posso dizer tanto vontade de Deus quanto campo elétrico. Falta algo mais.
Esse algo mais é chamado lógica. Todo pensamento atual, englobando as diversas ciências, é suposto ter caráter lógico e alguma teoria é dita ser do tipo dedutiva. Ou seja, arquitetamos um punhado - quanto menos melhor - suposições e chegamos a um resultado baseado em conclusões lógicas. Uma teoria dedutiva é a geometria criado por Euclides em que todos seus teoremas são criados a partir de definições, postulados e axiomas por meio de raciocínio lógico. Axiomas são teoremas considerados evidentes por si só na natureza e, portanto, não precisam de provas. Os postulados são afirmações construídas em cima de definições, assim como ponto, reta, quadrilátero etc. Também é comum encontrar esses termos como intercambiáveis. Parece bobo, a princípio, mas o fato é que essa argumentação lógica foi tão seguida à risca que por mais de 2 mil anos os teoremas de Euclides foram considerados como verdade absoluta!
Vejamos então como a mudança procedeu e suas implicações. Conhecido como axioma das retas paralelas, em que "por um ponto fora de uma dada reta, pode-se traçar uma e somente uma reta paralela àquela dada reta", foi alvo de objeção, por Gauss, Reimann, Lobachevski e outros, no século XIX. Nasceram então as geometrias não euclidianas. Como o assunto não é estritamente
matemática aqui, uma consequência de tal pensamento é refletido sob vários ângulos. Em primeira instância, se torna visível que em uma teoria dedutiva o ponto de partida na criação de axiomas não é auto-evidente ou dado pela razão pura (seja de quem for), mas sim, por uma quesntão de escolha! Dependendo de onde partimos chegaremos em diferentes resultados. Isso é bem esquisito se pensarmos que do nada chegamos a algum lugar. Joguem pedras na Ciência mas o fato é que nos desenvolvemos e temos um jeito de transmitir o discurso do papa para quem bem entendermos ou mesmo mandarmos um e-mail, puxarmos a descarga...
Ainda, dentro dessa aparente escolha arbitrária, sempre temos em mente uma concatenação lógica de eventos para alcançarmos algum resultado. E outra questão que inevitavelmente surge é se realmente a natureza se comporta de maneira lógica. Sinceramente, não tenho ideia concreta. Mas acho que se for de maneira lógica, um dia chegaremos a expressão matemática dela. Quando aí é pedir demais... Uma certeza que temos é que a lógica indubitavelmente traz frutos e não estamos perdendo tempo em considerá-la em todos os aspectos, até mesmo nos momentos mais randômicos do nosso dia-a-dia ou no imprevisível mercado de ações.
Bem, como axioma não é algo tão evidente assim quanto parece e damos ao luxo de nem mesmo prová-lo, o cuidado tem que ser redobrado na sua formulação. Em pormenores, seu conjunto de axiomas não pode ser redundante - não se pode derivar um axioma de outro - e, ainda, não pode ser contraditório - não se pode derivar um teorema e sua negação advinda da mesma estrutura/conjunto axiomático. Provar a ausência desses dois requerimentos é de enorme dificuldade. Já dogmas...
Rodolfo
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