terça-feira, 2 de dezembro de 2008

G ou colóide



Esta banda se encaixa perfeitamente na postagem anterior. O motivo de não tê-lo postado é o esquecimento, assim como o sol da banda. Piada muito ruim essa. Bem, no site da banda aparece o seguinte: "Oblivion Sun features the compositional and performance skills of five musicians who are at ease with complex musical structures as well as frequent improvisations. The band members are Stan Whitaker on guitar and vocals, Frank Wyatt on keyboards and sax, Bill Plummer on keyboards, Chris Mack on drums, and Dave DeMarco on bass. Oblivion Sun creates a powerful, dynamic sound that aims to satisfy fans of all music. The band ignores the boundaries that the conventional music industry uses to limit the creative spirit. This freedom is evident in every performance".
Frack e Whitaker eram membros do Happy The Man e recentemente, antes do Oblivion Sun de 2007, lançaram um cd como um projeto chamado Pedal Giant Animals depois de frustradas tentativas de reunirem a antiga banda.

Um som embasado em técnica mas gostoso de se escutar. A primeira música é caprichada e abre o disco dando uma prévia do que será o restante. Apenas a The Ride e Catwalk são cantadas e muito bem cantadas. Sendo a segunda um tanto melhor. O resto é instrumental e rechado de riffs. Frank pega no sax algumas vezes e dá um ar meio aleatório nas músicas. Os solos em geral têm aquele jeitão de improviso. A música Chapter 7.1 remete ao cd do Pedal no qual copia o riff, pegajoso por sinal, da Chapter Seven. Enfim, vale a pena conferir!

Site

Link para Download: Oblivion Sun
ou

Link para Download:
Oblivion Sun

sábado, 29 de novembro de 2008

Post Eclético

Hoje criamos um post eclético, com várias bandas de diferentes estilos e nacionalidades. O ponto comum dessas bandas é ter, em seu histórico, apenas um disco lançado recentemente. Obviamente, são bandas selecionadas a dedo, pelo nosso disck joker, Rodolfo, hehehe, e que expõem, em suas obras, uma qualidade musical elevadíssima. Esperamos que gostem.



Zaal - La Lama Sottile - 2004 - Itália

Entre competência e apurado senso de melodia começamos pela banda italiana Zaal. Um álbum, datado de 2004, bem peculiar e que apresenta elementos variados de construção musical. Entre elementos do rock, jazz e música clássica, as faixas apresentadas no disco intitulado La Lama Scottile constituem uma obra bem completa. O uso parcimonioso dos teclados, violinos e a pegada jazzística na bateria ditam a tônica do disco. As músicas são todas instrumentais e apresentam variações e arranjos característicos do rock progressivo, o que faz desse disco uma obra necessária na coleção dos amantes da boa música.


Link para Download: La Lama Sottile




The Thrid Ending - 2006 - Austrália



A seguir temos The Third Ending, homônimo lançado em 2006. Banda australiana com uma pegada mais rock apre
sentando elementos do progressivo, folk e space rock apresenta uma atmosfera ampla de musicalidade. Variando entre calmarias ditadas pelas cordas de um violão e pegadas fortes de bateria com guitarristas distorcidas o álbum é a dose certa de combinações antagônicas. A produção do disco é muito boa e a timbragem usada casa muito bem com o estilo da banda. O vocal consegue entregar as melodias na medida certa de forma muito competente. Ótima recomendação para quem curte aquela pegada mais forte permeada por belas melodias e violões acertados.

Link para Donwload: The Thrid Ending




Apple Pie - Crossroad - 2007 - Rússia

A próxima banda anda sendo uma das minhas favoritas nas listas diárias do Media Player. De nacionalidade russa, tendo lançado o ótimo disco Crossroad, a banda Apple Pie é um grande expoente de impecabilidade musical. Um álbum bastante eclético em si, trás elementos do metal, folk, e do bom e velho rock’n roll. Um disco de produção impecável, arranjos excelentes e ótimos instrumentistas que não pode faltar pra nenhum amante da boa música. As melodias do disco são excelentes, e as partes instrumentais são fenomenais. O vocalista interpreta, de maneira excepcional, as belas melodias e temas criados ao longo do disco. Destaque especial para os arranjos de teclado, que permeiam de forma genial toda a obra. Disco nota 10, certamente entre os nossos favoritos

Link para Donwload: Crossroad



Santarem - Downtown Sation - 2004 - Brasil

Dentre as bandas de hoje não poderia faltar um representante brasileiro. E para fazer parte desse line-up de grandes bandas não poderia ser qualquer coisa, deveria ser uma banda de qualidade inquestionável com uma obra só obra lançada que conseguisse demonstrar o potencial de seus integrantes. Estamos falando do Santarém, banda paulista de rock/metal. O disco em questão é o Downtown Station, que conta com um excelente time de músicos. A banda não passa vergonha diante de seus “concorrentes” gringos. O disco tem uma produção impecável e arranjos feitos com maestria. São músicas que combinam doses de rock’n roll com elementos pontuais do metal, tendenciando prum lado mais calmo e de doses acertadas de pegada e belas melodias. As linhas de guitarras são muito bem construídas e saem do feijão com arroz da maioria das bandas brasileiras que se arriscam nesse estilo. Os solos são simples, porém coerentes e acertados. O vocal é muito bom e possui caráter próprio, uma pena terem mudado o vocalista. O time de músicos foi mudado para o lançado do próximo disco, que está pra sair a qualquer momento, com certeza vem coisa boa por aí.

Link para Download: Downtown Station



Dynamic Lights - Shape - 2005 - Itália


Dentre as bandas de hoje a que será apresentada a seguir é a que possui inclinação mais acentuada para um estilo musical. Dynamic Lights é uma banda italiana que flerta fortemente com o metal, apesar de conter vários elementos do progressivo. Guitarras pesadas, tempos quebrados, pianos e um vocal agressivo e sofrido criam uma atmosfera bem única no disco Shape. O clima sombrio é magistralmente criado por excelentes músicos, de qualidade técnica inquestionável. As letras, assim como os arranjos, são excelentes e combinam bem com cada faixa. Cada músico dá um show a parte, e o meu favorito é o piano/teclado, que está presente, mesmo que sutilmente, em cada passagem/refrão. Muito bom disco e recomendado aos amantes do metal progressivo.

Link para Download: Shape


Aisles - The Yearning - 2005 - Chile

Por último, mas não menos importante, está a banda chilena Aisles. Sem dúvida uma das nossas grandes favoritas de todos os tempos. Com o disco The Yearning é uma banda que impõe respeito enorme aos que cultuam a boa música. Certamente um dos discos da galeria das grandes obras de progressivo. Timbres, arranjos e quebradas que lembram, em muitas horas, grandes bandas como Gênesis e Triumvirat. Uma obra completa e muito bem produzida, contando com grandes teclados, um ótimo vocal, uma bateria excepcional e arranjos de guitarra e violão que trazem toda a mágica da escola do rock progressivo clássico. Uma banda para fechar esse post com chave de ouro.

Link para Download: The Yearning


sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Penguin Cafe




Este post se concentra em Simon Jeffes (1949-1997). Multi-intrumentalista e um estudioso até certo ponto. No meio de sua carreira acadêmica abandonou os estudos, num sentido formal, e se engajou em uma série de experiências. Depois de várias tentativas frustradas, porém enriquecedoras, Jeffes formou a então Penguin Cafe Orchestra (PCO). A origem do nome é curiosa. Em 1972, Simon estava na África e comeu algum peixe que o deixou doente a ponto de sofrer alucinações. E é aí que entra o tal do cafe. Ele alucinou sobre um lugar onde haviam pessoas preocupadas somente consigo mesmo de maneira vazia e se realizou dono do lugar quando anunciou um poema, pra si mesmo, quando já estava melhor, que começava com "eu sou o proprietário do Penguin Cafe e direi coisas randômicas". Deste então, com o passar do tempo, imaginava os tipos de músicas que tocariam no cafe. Dois anos se passaram até sair o primeiro álbum do PCO. A banda, com uns dez membros, mudava periodicamente, com exceção de algum ou outro. Dizia que fazia músicas para pessoas e não para instrumentos. No começo dos anos 90 passou até pelo Peter Gabriel's Real World Studios (vale a pena conferir as fotos) para tocar com vários músicos em jams e congêneres. Em 1994, foi gravado ao vivo o Concert Program e lançado em 1995. É um disco muito bonito que consegue tirar o tédio de uma peça clássica e caminhar por vários temas sem excluir o peso de uma boa orquestração. Em Dezembro de 1997, um tumor inoperável decretou a morte de Simon Jeffes.

Site

Link para Download : Concert Program
ou
Link para Download : Concert Program

terça-feira, 4 de novembro de 2008

United Elections

O assunto hoje não poderia ser outro além das eleições norte-americanas. O fusuê é grande acerca da temática, e não é pra menos. A nação que dita o regime internacional estabelecido está ansiosa pelo que vem pela frente. Mas pq há tantos holofotes em cima disso?

 

A grande questão é essa eleição vai dar rumo definitivo a várias políticas e diretrizes adotas nos últimos 8 anos, na desastrosa administração Bush. Os EUA, principalmente por culpa de seu governante Bush,  transformaram um ambiente internacional, relativamente calmo, em um pan-demônio. Todas as grandes instabilidades dos últimos anos envolveram decisões do caipira texano. Guerra contra o terrorismo, Iraque, crise da Geórgia com a Rússia, investigações sobre o poder nuclear do Iran, crise na Venezuela, acusações de tortura com prisioneiros de guerra e, por último, a crise financeira. Cada uma dessas situações afastou os EUA pruma berlinda moral no cenário global. Ninguém mais leva a sério qualquer atitude vinda do alto comando norte-americano. O serviço de inteligência de lá virou motivo de piada. A irresponsabilidade com direitos humanos, a falta de respeito com questões de soberania de outras nações e clara demonstração de incompetência com a crise do setor financeiro os afastaram completamente do escopo de seriedade no regime internacional. Porém, as redes (comunicação, informação, comercial, conhecimento, tecnologia) estabelecidas ainda delatam os EUA como peça chave na dinâmica internacional. E é por isso que as eleições de hoje são tão importantes. Cabe ao novo presidente estabelecer bases para se estruturar novamente um comando norte-americano sob o globo. Cabe ao novo governo ganhar respeito e seriedade novamente.

 

Os EUA estão dividos entre a campanha pra mudança (Obama) e a campanha pautada na experiência (McCain). A disputa entre os dois candidatos foi muito acirrada, e muito impressionante, sob meu ponto de vista. Obama recorreu ao financiamento privado de sua campanha, apostou em grandes comícios, shows e meios de comunicação, além de ser claramente o candidato preferido de populações fora dos EUA. Aqui no Brasil mesmo pudemos ver o apoio claro dos meios de mídia ao candidato democrata. Mas mesmo assim McCain conseguiu se manter no páreo até a reta final, ficando sempre perto nos índices das pesquisas de opinião. E me impressiona saber que existe tanta gente querendo a continuidade do partido republicano no poder.

 

Pra quem assistiu aos debates pôde observar que McCain sempre frisou que seu governo não poderia ser atrelado ao de Bush, pois são duas pessoas diferentes. Suas políticas iriam se basear na sua experiência de parlamento e no seu histórico impecável e coerente de decisões e votos dentro do plenário. Mas nessas afirmações já podemos observar o claro pensamento republicano, de retidão, disciplina e coerência. Valores não ruins necessariamente, mas que nesse momento é tudo que o povo não precisa. Toda essa certeza e retidão fizeram o país pisar na merda e enfiar o outro pé com gosto.

 

Do outro lado temos Obama, representante democrata. Entre as trocas de farpas em forma de brincadeiras entre os partidos é bem conhecida a história de “vc não precisa ser coerente o tempo inteiro, basta ser democrata”. Obama, apesar de sempre parecer seguro si e certo do que fala, tem suas incoerências no passado, e teve de se adaptar a uma nova postura para assumir essa liderança. Obama foi mais flexível e abusou do espetáculo para conseguir superar a barreira racial que permeia a sociedade norte-americana. Só pra se ter uma noção, na semana passada Obama comprou meia hora de transmissão simultânea em 3 canais norte americanos: FOX, CBS e NBC. E vale ressaltar que a FOX é uma emissora declaradamente republicana. Esse “infomercial” deve ter custado em torno de 5 milhões de dólares.

 

Agora o futuro reside nas mãos de quem ganhar o caneco da corrida eleitoral. Acredito que Obama vá ganhar, e pelos índices de hoje minha opinião, e de outras milhares de pessoas, está certa. As políticas de Obama envolvem corte de imposto para classe média e aumento para a classe rica, o que, na minha avaliação é correto, pois tira carga tributária da classe média, incentivando o consumo e passa isso pras grandes corporações. McCain diz que isso vai desestimular a produção, mas acredito que seria estupidez. Se a empresa for esperta ela irá tirar parte do seu lucro pra compensar o aumento tributário, e o repasse do governo pra classe média aumenta o consumo, que por sua vez, compensa a perda de lucro das grandes empresas. Essa será uma estratégia importante nesse novo governo, ainda mais levando em conta a gigantesca dívida interna privada e pública dos EUA. O Fed anda emitindo título público que nem nota de 1 dólar, e isso só vem aumento o déficit público, e a solução é a reforma tributária. Outra medida importante é diminuir gastos do governo, principalmente com essa guerra sem sentido. Os pacotes aprovados no parlamento pra guerra deram um desfalque monumental de aproximadamente 3 trilhões. Ambos candidatos apóiam corte de custos, mas cada um vai procurar isso num lugar. Obama quer dar fim à guerra, mas n imediatamente. McCain se deixar vai invadindo Iran, Afeganistão...

 

No final das contas tudo que posso fazer é ficar aqui torcendo pelo Obama, pois apesar de não concordar com tudo que ele prega, a vitória do McCain seria o colpaso desse regime internacional, e isso seria uma coisa boa se tivesse alguém que pudesse estabelecer um novo paradigma digno, mas as perspectivas não são nenhum pouco boas.

 

Danda

domingo, 26 de outubro de 2008

Rádio de Darwin



Tá aí uma banda inglesa de prog difícil de se ver nas praças. E não é só pelo fato de ser pouco conhecida, mas sim de ser um ótimo conjunto. Fazem um som progressivo bem feito em que talvez as letras seja um ponto não tão forte. O quarteto é composto por Dec Burke (guitarra), Sean Spear (baixo), Mark Westworth (teclados) e Tim Churchman (bateria). A banda se diz fã de Dream Theater, Porcupine Tree, The Flower Kings, Yes, Spock's Beard etc, ou seja, coisa boa! Apesar de ser o primeiro album não deixa a desejar. Eye's Of The World, lançado em 2006, tem uma atmosfera recheada de teclados e riffs melhores ainda. A voz de Burke compõe muito bem o estilo da banda. Os teclados são encaixados maestralmente com timbre limpo, o que ambienta muito bem as passagens e dá um certo clima.
Com relação as músicas, só merece um destaque negativo a faixa Glass Tiger's Eye que é um tanto pop, lembrando um pouco a manobra feita por Spock's Beard com o álbum Octane. Não que seja ruim, mas saiu um pouco de órbita com a proposta do cd. Outro destaque, só que positivo, são as Lapse of Sensation e The Vast Within. As duas possuem uma levada interessante. E ainda tem uma baladinha com Amber Skies, que achei um tanto sem sal, porém bonita e seguindo a linha do cd.
No geral, algo a se ter em qualquer coleção de progressivo e que bate de frente com bandas de maior renome.

Site da Banda

Link para Download: Darwin's Radio

Link Alternativo: part 1 part 2


Rodolfo

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Trio muito FODA!


Agora sim uma banda brasileira postada aqui no blog. Ainda é instrumental, porém quem quiser ouvir vozes some ao trio o João Bosco. O título deste post resume tudo da banda Nosso Trio e serei breve na descrição. Nelson Faria tem 45 anos e o considero um dos melhores guitarristas do Brasil. Já o vi tocar ao vivo e é impecável. E além de impecável consegue criar uma atmosfera pra cada estilo de música tocada. O que pode ser espantoso pra quem tem tanta técnica. Viveu muito tempo em Brasília, estudou nas melhores escolas americanas e teve aula com os mais renomados como Joe Diorio, Scott Henderson, Joe Pass e outros tantos. E além disso tudo já tocou em um catatau de lugares e com um catatau de gente famosa no Brasil e no mundo. O mesmo pode se falar do baixista Nico Assumpção e o baterista Kiko Freitas. Ambos estudaram e tocam demais.

Tudo bem que no planeta Terra o que mais tem é gente tocando e, mais espantoso ainda, tocando muito rápido. Tão rápido que devem estar na esperança de atingir a velocidade do Large Hadron Collider, o acelerador de partículas do Centro Europeu de Física de Partículas. Só que isso me faz lembrar as palavras de um violonista brasileiro Nonato Luiz - muito bom, por sinal - que disse mais ou mesno assim: "não interessa tocar rápido, som limpo, as músicas dos outros... O que fica é a obra". O que concordo desde a infância com ele.

Site dos Músicos:
Nelson Faria
Kiko Freitas
Nico Assumpção

Link para download: Vento Bravo

Rodolfo

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Quantificação dos Sentimentos

Acho que quase todos os posts deste blog já foram ou serão conversa de bar. E esse não será diferente. Penso há algum tempo sobre como colocar em palavras alguns sentimentos tais como amizade, amor, admiração, etc. A minha conclusão é que não dá. Não adianta falar isso ou aquilo. Os sentimentos têm um tratamento clássico, ou seja, não podem ser quantificados por palavras de dicionário, estão no contínuo. O meu pensamento é que mesmo se falarmos ‘eu te amo’ estaremos definindo algum estágio para se amar, ou gostar, ou adorar. E então, qual é? A partir de qual momento passamos a adorar, a gostar? E por aí vai quem for catar outros adjetivos. A partir de qual experiência temos certeza que naquele momento se estabeleceu uma amizade, por exemplo? Isto é, já vivenciamos tudo nesta vida? Se podemos falar ‘te amo’, seria esse o estágio mais avançado de falar se gostamos de alguém? Se for sim, então existe uma cota superior, o que caracterizaria uma quantificação.
As palavras quando se referem a sentimentos são vazias, perdem sentido. Muito bem, mas temos que nos comunicar. É assim que acontece. As palavras incitam, por sua vez, sentimentos e o que estou querendo dizer perde um pouco o sentido. Não tanto assim. Requer contexto sempre, não posso negar. O que trato aqui é de transmissão, canal, e nunca poderemos dizer que amamos alguém da mesma forma como amamos outrem, apesar de as palavras serem as mesmas – sempre num sentido lato, pois poderia falar de raiva, ódio, ira. Concordo que, por exemplo, uma pessoa irada pode ser uma com mais ódio do que raiva e assim por diante. Mas onde há essa distinção? Qual é a linha que os separa? Tal linha não existe. Às vezes devemos nos preocupar menos com esses tipos de palavras e prestar atenção em algo com mais conteúdo. Talvez isso tudo seja uma visão bastante particular, mas é uma visão.

Rodolfo

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Silêncio Póstumo

Bem, Sylvan é uma banda alemã de rock progressivo, pelo menos é o que este álbum contempla. Deixo as minúcias de caracterização para o ouvinte. Uma apresentação se faz mister, porém de forma lacônica só pra situar algum leitor destemido que por ventura se interesse em ler o texto inteiro. A banda é composta por Marco Glühmann (vocais), Matthias Harder (bateria), Sebastian Harnack (baixo), Jan Petersen (guitarra) e Volker Söhl (teclados). Este disco ainda conta com participações de Stefanie Richter (cello), Guido Bungenstock (guitarra), Ensemble Vokalkolorit (choir). Vale um comentário que Marco tem doutorado em física, aparentemente pela University of Tübingen e, claro, interpreta muito bem. Quando escuto o cd eu lembro de Final Cut do Pink Floyd, em que Waters consegue passar, quase sozinho, todo o drama. Guardem as suas devidas proporções, obviamente. Well, well... Vamos a temática.

Construir uma obra musical conceitual, como é o caso deste disco, é uma tarefa bastante árdua e que deve resistir a uma cobrança enorme do público. Os fãs mais nostálgicos desse tipo de empreitada artística dirão que obras do rock progressivo clássico ocupam o Olimpio e não podem ser alcançadas por nenhuma banda com uma obra mais atual. A dúvida é: será que o Sylvan conseguiu entrar pra galeria seleta de grandes obras conceituais?

Bom, o disco começa bem com uma introdução modesta e faz bem seu papel de pintar o cenário da história. O clima sombrio está criado nos primeiros suspiros de Marco, onde podemos visualizar alguém aparentemente deprimido e sozinho num quarto, onde vaga na sua plena solidão, aparentemente sentindo falta de alguém. Porém, erra quem se adianta em dizer que foi um caso amoroso que não deu certo. Na segunda estrofe percebemos a indagação “why you left, my child?”. Tal indagação, se bem interpretada, esclarece as figuras da história. Agora sabemos que o rapaz que vaga só é um pai que, aparentemente, perdeu uma filha.

A história vai girar basicamente em cima da jornada do pai tentando superar o trágico “suicídio” de sua filha. Por essa jornada conseguimos ver os vários estágios que passou a pequena garota que abandonou este mundo. A história e as melodias conseguem elucidar o mundo angustiante da garotinha que se foi.

Bom, para isso devemos dar seqüência à análise, partindo para a segunda música, “In Chains”, que é a leitura do diário da pequena garota angustiada com esse mundo. Essa música traz temas às vezes estranhos aos ouvidos, mas contém belas melodias. As partes mais “atravessadas” melodicamente remontam a angústia que vivia a garotinha, que se sentia presa num mundo onde ela não podia confiar em ninguém, e suas confissões demonstram a sua dificuldade de reproduzir verbalmente suas dúvidas e sentimentos. A tentativa de normatizar seus sentimentos a tormentava. As confissões de sua aflição vão sendo feitas ao seu diário onde há também a aspiração de se encontrar um lugar melhor a se viver. E é exatamente nessa parte da música que podemos encontrar um ótimo solo de teclado e guitarra por volta dos 4 a 5 minutos, bem simples, porém bem eloqüentes em expressar a bela letra da música.

A música seguinte, Bitter Symphony serve como o gancho para a Pane of Truth. Nessa parte o pai se deita após ler o diário de sua filha e sente a culpa lhe consumir. Indaga-se de como não percebeu os anseios de sua própria filha. A música Pane of Truth é uma que merece destaque certo nesse disco. É uma obra de 9 minutos, que trabalha vários climas diferentes na viagem de consciência do pai da garotinha. Enquanto é reproduzida na mente do pai, a história dele com a filha, a música trata de montar o cenário ideal, que conta com um refrão lindíssimo. A remontagem da história dos dois conta até com trechos de reprodução de brigas dentro de casa, por volta dos 3 minutos, onde podemos ouvir a filha apanhando e também se trancando no quarto enquanto seu pai bate na porta após uma briga. O clima é montado com maestria, a produção musical é invejável.

A música seguinte, No Earthly Reason, é outra ponte que se liga à música seguinte, Forgotton Virtue. Aqui é contado como era o dia a dia da garotinha. Forgotton Virtue também é uma música que conta com melodias meio atravessadas, mas consegue colocar a história no lugar certo. O clima sombrio e pouco amigável remonta o desgosto da garotinha lidando com o mundo. A situação que o mundo cria na garotinha é de desolação, ela perde a fé na humanidade, não consegue entender como as pessoas se conformam com um mundo sem virtudes e valores.

A música seguinte é, em minha opinião, a obra mais bela do disco. Uma canção linda, com uma inigualável melodia, The Colors Changed. Essa música marca o desejo da garotinha de construir um novo mundo, cheio de cores. O desejo é tão profundo e tão sincero que ela começa a construir esse mundo com a sua alma. O rito de passagem começa aos 3 minutos da música e constrói uma atmosfera majestosa que atinge um pico magnífico aos 4 minutos e culmina no belo refrão. Na seqüência um solo, simples e direto, que encerra com maestria a música.

A Sad Sympathy é outra ponte que se liga à excelente peça de progressivo, Questions. A ponte nos coloca em meio às noites mal dormidas do pai, que visualiza um desenho feito pela filha para ilustrar as manhãs de seus dias. O pai entende os desenhos da forma descrita na música Questions, que é uma dura crítica à sociedade. A música coloca o mundo como um lugar egoísta, onde as pessoas ouvem apenas o que querem, fazem apenas o que lhes convém e correm pelos becos escuros como se isso fosse normal. A menina se mostra angustiada de se tornar parte dessa massa inexpressiva e se questiona de como a sociedade pode moldá-la e tornar parte daquilo que ela abomina. A parte instrumental dessa música é uma das mais bem trabalhadas do disco. Conta com um excelente trabalho de teclado e riffs muito bem pensados, além de um refrão muito bem colocado.

A música seguinte, Answer to Life, se mostra imponente já pelo seu começo que dá o tom de uma marcha militar bem orquestrada. Essa música conta com uma melodia simples, mas que marcam bem o ouvinte. O refrão conta com uma segunda voz mais alta que foi colocada na medida exata, criando um clima eficaz sobre uma melodia simples. Em relação à trama da história a música relata a forma que a garotinha lidava com sua vida. Essa música parece ser uma mensagem específica ao pai, quando ao final da canção ela fala sobre ter se decepcionado e que isso deveria ter sido melhor pensado por ele, mas que agora é tarde, pois ela não mais existe.

Message from the Past reproduzi alguns dos temas usados em outras músicas do mesmo disco. É uma canção serena, com um leve piano e uma cama por trás de muito bom gosto. Apesar de ter 3 minutos de duração ela serve mais como uma transição na trama. A esse ponto na história temos o último encontro da alma do pai com a filha. The Last Embrace trás melodias um tanto quanto incomuns, nesse ponto são as preces da garotinha que embarca sua alma pra outro lugar. É o ponto de encruzilhada de sua alma. Em minha opinião uma música sem grandes atrativos, mas que serve pra compor a trama.

A seguir a dupla final de canções, A Kind of Eden e Posthumous Silence. A penúltima música se encarrega de acalmar o clima pesado da música anterior. Finalmente a garota encontra paz em outro mundo e pede para que seu pai a deixe ir. Uma belíssima música conta com bastante simplicidade, mas com competência em seus arranjos. O refrão é uma ótima reprodução da trama, onde as últimas mensagens direcionadas ao pai são ecoadas com bastante emoção. Ao final desta canção conseguimos ouvir trechos de notícias que relatam o momento em que a polícia acha o corpo da garota em meio a lixeiras em um estacionamento, mas sem sinais de trauma. A polícia não faz idéia do que houve com a garota.

Essa parte traz um toque de mistério à história. Sem causas aparentes a morte da garota ecoa como algo sobrenatural. As interpretações a partir desse ponto são escravas da criatividade de cada um. Em um consenso entre amigos chegamos à conclusão de que a alma da garota apenas desvaneceu. Sua tristeza e decepção com o mundo eram tão grandes que sua vida apenas cessou. Enquanto isso sua alma achou um lugar melhor para ocupar em outro plano de existência.

A seguir o grand finale. A música título do disco fecha a jornada com perfeição. Uma obra grandiosa com um arranjo espetacular monta uma cena parecida com a primeira do disco: o pai, enclausurado em seu quarto, sente o abandono da filha. Mas finalmente ele a liberta para seguir livre, vagando em seu mundo colorido, sem egoísmo, sem falsidade e sem cobranças. O vocal faz um excelente trabalho dramático nessa canção. A culpa consome o pai da garota enquanto a guitarra faz um brilhante solo, porém bem simples.

Dessa forma é fechado um excelente e magnífico trabalho de uma banda com muito potencial. É uma obra, que se escutada com atenção, dá voz aos mais profundos desesperos e anseios da alma, ressalta nuances de sentimentos guardados ao fundo do ser. São seqüências de notas majestosamente montadas. Um disco intenso e com bastante consistência.

Respondo à pergunta inicial de forma positiva. Acredito sim que o Sylvan tenha se colocado ao lado de grandes obras do rock progressivo clássico com esse disco, se não foi no Olimpio foi no Éden. Os links abaixo estão com letras e em 320kbps. Divirtam-se.



Site da banda


Link para Download: part1 e part2


Link alternativo: Sylvan







quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Hipocrisia economicamente correta.


Amanhã às 09h08min da manhã, horário de Brasília, será a festa de abertura dos jogos olímpicos da China. A festança será um evento memorável, cheio de fogos, luzes, apresentações culturais, etc. Todo o aparato de distração costumeiro a esses eventos. Porém, com a chegada dessa festividade não pude parar de perceber um “detalhe” interessante sobre a dinâmica mundial de relação entre Estados. Falo especificamente da relação China – Estados Unidos.


O presidente Bush esteve em Pequim ontem para inaugurar uma embaixada norte-americana. E a constante em seu discurso foi a de sempre: enfatizar sua preocupação com a falta de liberdade de expressão do povo chinês e a ausência de trabalhos humanitários no país. George W. Bush enfatizando sua preocupação com Direitos Humanos na China... Fato curioso, porém não vai ser o foco da discussão. Pois o que mais me intriga é que mesmo a realidade da China sendo fato de conhecimento de todos que habitam o globo terrestre os EUA não tomam nenhum tipo de reação ou retaliação a fim de alterar tal realidade. O discurso de Bush foi apenas um discurso, carente de parte prática efetiva de ação. A China é um país declaradamente comunista, e sabem qual era um grande país comunista? A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Lembram qual era a relação entre EUA e URSS? Algo que “apelidaram” de Guerra Fria.


Obviamente existe algo de estranho aí no meio. O discurso norte-americano associava o regime comunista à vinda de Satã pra Terra. As criancinhas nascidas nesse período em território norte-americano não ouviam histórias de bicho papão, nem do bandido do saco, apenas do grande vilão do mundo, o comunismo. Era um terror. Mas se o comunismo era o vilão, e agora ele não é mais, o que houve?

Acho que teria algo a ver com o regime econômico da China... Talvez seja pq a China seja um dos maiores parceiros comerciais dos EUA. Talvez seja pq o maior importador de produtos chineses seja os EUA, e que a China seja a principal credora dos títulos da dívida pública dos EUA. Acho que a economia planificada da URSS não era boa o suficiente pros EUA relevarem seu regime comunista como apenas um desvio padrão do comportamento de uma nação, da mesma forma como fazem com a China.

Entraram no Iraque por “medo de armas de destruição em massa” mas nunca cogitaram de sequer ameaçar a China. A hipocrisia reina absoluta, e todo mundo sabe da verdade. Todo mundo sabe e todo mundo finge não saber. Fica aquela panaca caipira do Texas fazendo o que bem entende do mundo e dos EUA até o ponto em que tudo vira uma bola de neve fora de controle. Aliás, a grande ilusão do homem é achar que pode controlar qualquer coisa.


Enfim, a situação que se constrói é a mesma de sempre, o teatro da hipocrisia geral. E ainda devemos agüentar aqueles que levantam bandeiras liberalistas de crenças utópicas de que as nações cooperam pelo bem da convivência, de que o estado democrático de direito se sustenta na sua crença em valores humanos, blá, blá, blá... O estado democrático de direito faliu, e quem ta bancando ele é o capitalismo. A coordenação da dinâmica entre nações é feita pelo papai, o capitalismo, enquanto o filho irresponsável, o estado democrático, sai arrumando briga na rua e volta pra casa sempre com uma mão na frente e outra atrás.

“big money goes arround the world” E tenho dito.


Danda.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Audição profunda

Esbjörn Svensson Trio é um trio de jazz sueco formado no começo da década de 90 e composto por Esbjörn Svensson (piano), Magnus Öström (percussão) e Dan Berglund (baixo). De fato, a Suécia é um país de destaque em relação a música. Isso pra não falar de outros assuntos. Antes de algum leitor pensar que se trata de outra banda de jazz típica que segue as escolas de Miles Davis, Dave Brubeck, Charles Mingus e outros, aos poucos fica claro - e para isso será imprescindível uma audição - que esse trio traz algo de diferente.


Svensson começou a tocar piano porque era o único instrumento que possuía em casa quando era garoto. Na verdade, ele escolheria a bateria. Seu amigo Magnus catou uma bateria e ficavam se divertindo com os dois instrumentos. Não tinham instrutores, não freqüentavam aula de música e nem nada. Esse é um dos motivos que proporcionaram a banda explorar sons de maneira bastante particular.


O disco que posto aqui é o que considero o mais completo e, por isso, é o que mais me agrada. Além do Viaticum, Seven Days Of Falling, anterior àquele, tem um estilo parecido. O álbum posterior de estúdio, e o último da banda, tem uma sonoridade diferente e abusa de efeitos eletrônicos. Efeitos visuais também eram usados nos shows, sendo outro ponto de destaque dentre outras bandas do gênero.


A primeira música, Tide Of Trepidation, segue com um tema muito interessante resultado da soma do baixo e do piano. Ótima abertura. A música seguinte, Eighty-Eight Days In My Veins, e minha preferida do cd, tem um tema mais interessante ainda em que a união de piano e baixo é feita de forma menos intrincada e permite variações que se complementam. As outras faixas também são muito boas, como a música título do álbum. Somente a última de um pouco mais de 20 minutos e a In The Tail Of Her Eye merece um último comentário e ratifica a predileção do grupo de usar os efeitos sonoros durantes vários minutos, mas nunca deixando de lado a melodia que precede essa viagem, comandada pela percussão de Dan.


Esbjörn Svensson Trio fez muito sucesso na Europa e no resto do mundo e conquistou fama de grupo pop, popularizando ainda mais esse gênero tão esquecido por aqui, onde a acefalia musical permeia de maneira marcante. O grupo demonstra uma faceta da música instrumental das mais importantes: a imperceptível falta de vocais. Assim, a audição se torna bastante agradável e deixa de ser uma mera exibição de técnica.


Vocês devem ter percebido meu uso de verbos no passado. O motivo é a infeliz morte de Esbjörn Svensson no dia 16 de junho deste ano. Em um mergulho, o pianista acabou se perdendo do grupo e foi encontrado com graves ferimentos. Não resistiu a caminho do hospital.
Esse álbum é definitivamente aconselhado pra quem gosta de uma audição introspectiva em que sentimentos e lembranças surgem sem perceber mesmo na ausência de vozes e letras.


Site da banda


Link para download: Viaticum parte1 e Viaticum parte2


Link alternativo: Viaticum


Rodolfo



quarta-feira, 7 de maio de 2008

Pesquisa científica

A pesquisa cientifica é a metodologia específica a ser aplicada sobre um conjunto de premissas e axiomas da realidade a fim de testar seu potencial explicativo de certos eventos. A pesquisa é importante para validar novos conhecimentos, consolidando teorias que tornam o padrão da realidade mais passível de entendimento. O início dos trabalhos de uma pesquisa científica se dá no momento que é constituído um problema, normalmente em forma de pergunta:

  • Pq a maçã caiu na minha cabeça?
  • Qual a importância do Mercosul nos negócios brasileiros com a Argentina?
  • Como os EUA influenciaram na revolução francesa?

A ciência, aos olhos dos autores clássicos, só pode ter sua existência dentro de premissas imparciais da verdade e da realidade. A distinção entre o agente e o objeto/estrutura pode ser construída de formas distintas, variando de autor para autor. Além de imparcialidade a teoria social, constituída a partir da pesquisa, deve ser passível de comprovação empírica. Então existem duas premissas básicas: objetividade e comprovação empírica.

Porém, nas ciências sociais a constituição de um problema de pesquisa está relacionada diretamente ao objetivo tendencioso do agente. Nas ciências naturais, a utilização de variáveis não correspondentes ao objeto estudado altera seu resultado, tornando a obtenção de uma equação explanatória sobre o evento impossível. Em termos práticos isso significa que se Newton tentasse aplicar variáveis ou constantes da Termodinâmica na relação gravitacional que causou a queda da maçã o resultado da equação seria absurdo, não explicando nada. Já na ciência social, o levantamento de variáveis, eventos, fatos e conhecimentos não é restrito senão à própria vontade do investigador. A imposição de premissas, tidas como verdadeiras, a uma problemática social a torna condicionada a tais premissas, ou seja, ao próprio formulador, condicionando sua existência à subjetividade do agente.

Porém, à frente desses autores clássicos se constituíram meta-teorias (teorias sobre teorias) que analisam a epistemologia aplicada dos tradicionalistas, em alguns casos até questionando a própria ontologia de tais pensadores. Esses questionamentos têm como base a subjetividade do próprio objeto, ou seja, a pesquisa não pode ser totalmente objetiva se o próprio objeto é normativo.

Adiante dessas interpretações se entende que a verdade sobre a realidade é sempre condicionada ao discurso dominante na sociedade. Esse discurso é exercido por inúmeras instituições, dentre elas, escolas, propagandas, mercado, governo, políticas externas, até pelo psicólogo que vc consulta uma vez por semana. Todos são braços de legitimação desse discurso sobre a verdade. O erro é pensar que é tudo proposital, que essas instituições são más e deliberadamente consolidam a versão da realidade mais conveniente. Na maioria das vezes a propagação do discurso é apenas uma atividade mecânica das pessoas. Logo é esse discurso que se torna a verdade dominante. Não existe verdade absoluta no campo das ciências sociais. A idéia de uma verdade transcendente se perdeu junto aos tradicionalistas.

Com isso o objetivo de uma pesquisa científica se desvirtua da proposta inicial dos autores clássicos. Insistir nas premissas clássicas de verdade absoluta e realidade imutável se torna apenas um instrumento de reforço da ordem social, já que não há o questionamento da própria verdade. A função da pesquisa social é reorganizar a realidade de forma mais conveniente a uma classe. A criação de premissas e axiomas sobre a realidade são formas de reforçar ou negar um discurso dominante, não mais de estabelecer conhecimentos mais próximos de uma verdade absoluta. A pesquisa científica se torna uma ferramenta de molde da realidade e da verdade.

Danda

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Avaliação economica

Mais uma vez nos encontramos imergidos numa crise do cenário mundial econômico. Os EUA vêm deixando todos em pânico a cada anúncio de medidas para o reaquecimento econômico. Não é de hoje que medidas “tapa buraco” vêm sendo aplicadas aleatoriamente dentro dos planos de medida de lá. Tampando o sol com a peneira deu no que deu.

Situação atual:

O capital especulativo que rondava e sustentava os contratos de crédito de alto risco no setor imobiliário tendenciou pro lado errado. Com isso os bancos tiveram que arcar com os débitos dos inadimplentes e foram à bancarrota. O Fed imediatamente teve que enxertar crédito no mercado para sustentar o giro econômico, além de diminuir os juros para aquecer as compras no mercado interno. O corte de juros, porém, trás certo prejuízo em investimentos, pois não fica tão interessante se aplicar dinheiro numa economia que n rende. Quem é o mais afetado com isso tudo? Pasmem! A China!

Os comedores de arroz detêm 1/3 das ações da dívida pública norte americana. Com isso se tem uma abrupta queda no rendimento do capital especulativo que ronda os títulos norte americanos. A China entrou em alerta, pois a reserva de crédito dela pode sumir, reflexo disso certas medidas para contenção de inflação já foram postas em prática. E depois de alguns dias de quedas seguidas na bolsa de valores os mercado vão se recuperando.

A boa notícia é que o Brasil pode abocanhar uma parte boa dessa história. O Brasil pode arrebanhar os investidores perdidos que perderam o interesse em juros baixos e alto risco, apresentados pela economia norte americana. O paraíso tropical onde vivemos apresenta baixo risco relativo à taxa de juros, que alias, é uma das mais altas do mundo.

Resultado:

A reserva de crédito brasileira está nas alturas. Os financiamentos de veículos nunca foram tão altos.

“O saldo do crédito para aquisição de veículos no primeiro bimestre cresceu 44,9% em comparação ao mesmo período de 2007, passando de R$ 80,6 bilhões para os atuais R$ 116,8 bilhões.” (Folha online)

Esse é o cenário atual. Porém tem sempre a parte ruim. A óbvia queda do dólar desfavorece nossa balança comercial, que têm apresentado quedas seguidas. A compra de maquinário e importação de tecnologias está sendo favorecida, porém a venda se torna difícil com o real tão caro frente ao dólar.

Para isso o governo vai adotar uma série de medidas para controle da balança e incentivo ao crescimento interno da indústria e do consumo. As medidas visam facilitar a concessão de financiamentos para produtos de exportação, feita pelo BNDES e isenção ou diminuição tributos aplicadas a setores específicos da indústria. As medidas facilitarão o escoamento da produção pelos cais, investirão na exportação de automóveis e helicópteros para a América do sul, além de investimentos na pesquisa tecnológica e consolidação da liderança das indústrias brasileiras nos setores primários.

Conclusão:

O novo cenário promete aventuras interessantes para aqueles que se interessam pelo tema ou que terão suas vidas diretamente afetadas pelos planos econômicos. O Brasil segue confiante dentro de uma projeção otimista, porém cautelosa do cenário econômico mundial.

Danda

sábado, 8 de março de 2008

Advogado do Diabo

Hoje trago algo menos formal, mas que3 acredito ser muito importante. Trago palavras de reflexão sobre ética, moral e valores... Apresento poucas palavras de minha autoria, porém estou interessado na discussão e reflexão que serão geradas à partir daqui.

Bom, ontem eu assisti novamente ao clássico do cinema, “O Advogado do Diabo”. Já o tinha visto outras vezes antes. Mas ontem eu o vi com outros olhos e captei um discurso interessantíssimo proclamado pelo mestre Al Pacino. Ele discorre sobre a ganância e vaidade do homem, “qualidades” estas que inundam os novos tempos, os tempos modernos de negócios rápidos pela internet, de grandes corporações e conglomerados acionários em busca de gigantescos lucros e a eterna luta pelo poder. Tempos caducos e caóticos. São os impulsos instintivos do ser sendo cada vez mais institucionalizados de forma maciça e descontrolada.

São tempos em que devemos nos fazer perguntas elementares e buscar os valores que nos constituem. Procurar consolidar os pilares de quem somos nós e qual a nossa proposta frente ao mundo.

Não quero mudar o mundo, n quero impor valores à ngm, e nem acho que podemos fazer muito em nossa existência. Mas acredito que devemos ser retilíneos ao traçar nossa existência em cima daquilo que acreditamos. Nunca podemos deixar pra trás aquilo que nos constituiu como seres pensantes e racionais. Não podemos perder a inspiração que a vida nos deu quando jovens, os simples prazeres de tornar nossa vivência algo agradável e produtivo para o bem de todos ao nosso redor.

Reflitam sobre isso...

Aqui vai a citação do filme para fins ilustrativos e de reflexão:

“A sociedade cria egos do tamanho de catedrais... E a fibra ótica conecta o mundo a cada impulso de ego. Chega a barrar as mais enfadonhas serpentes... Com fantasias douradas até cada ser humano se converter num imperador, até se ver como um deus. E qual será a próxima etapa?

Sentido errado! Foda-se...

Enquanto saltamos de um negócio para o outro... Quem olha pelo planeta? O ar rarefaz-se, a água acidifica-se, até as abelhas provam o sabor metálico da radioatividade... E a podridão aumenta velozmente.

Socorro! Parem!

Não há chance para pensar, para preparar. Comprar e vender futuros... Quando o futuro é uma ilusão. O mundo está desgovernado. Há uma imensa multidão que [...] corre para o futuro. Todos eles prontos a enfiar a mão no cu do ex-planeta de Deus, limpando em seguida os dedinhos, para os aplicar nos seus puros teclados cibernéticos... A fim de somarem horas aos seus honorários.

E, de repente, faz-se luz.

É preciso pagar por tudo [...] É um pouco tarde para se comprar o direito a sair. [...] A sua pança está tão cheia, a sua vista cansada, tem os olhos cor de sangue e grita por socorro. Mas sabe o que mais?

Ninguém pode ajudar!

Está sozinho [...] É a mais especial das criaturinhas de Deus! Talvez seja verdade... Talvez Deus tenha lançado a sorte sobre o futuro da humanidade.”

Al Pacino em “O Advogado do Diabo”.

Danda.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

A constituição do ser

O ser humano é um ser diferenciado de todas as outras criaturas existentes nesse planeta. O ser humano é um ser pensante, racional. A sua racionalidade significa ter capacidade de estabelecer padrões de comportamento e ação para que assim seja possível tomar uma atitude com fins pré-estabelecidos. Dentro da racionalidade do ser está sua capacidade de dar valores às ações, aos objetos e à tudo aquilo que o circunda.

Desde o seu nascimento o ser está absorvendo trechos de realidade e estabelecendo relações e padrões, mesmo que subconscientemente. Se as relações sociais que constituem uma realidade estão submetidas à coerção e doutrinas o ser apresentado a esse meio estará, desde cedo, estabelecendo padrões baseados nessas relações condicionadas. Logo, a natureza do ser, propriamente dita, será omitida dando lugar a condicionamentos pré-estabelecidos por ordens de poder.

A hierarquização social se dá por meio de relações de poder. Aquele, ou aqueles, que têm o controle dos meios materiais são os condicionadores da dinâmica social. Dentro de uma sociedade são vários os meios materiais que entregam esse tipo de realização para seus possuidores. Mídia, mercado, religião, política, etc. O mercado, sem dúvidas, é a maior força condicionadora dos tempos atuais. A classe empresarial é quem determina o mercado. Essa classe, em busca de lucros, propõe meios capazes de determinar o comportamento de uma multidão, e é essa a tarefa da classe empresarial. Mobilizar classes a fim de girar o mercado. A propaganda e o marketing são formas reais de se doutrinar as pessoas a certos valores e comportamentos. Caso claro é como que numa sociedade o valor atribuído ao que é novo e ao que está exposto pela mídia como bom é maior do que o valor atribuído ao que, de forma concisa, se determina melhor. Explico:

Quem nunca ouviu a frase genérica: “ah, não fazem mais tal coisa como antigamente!”? Essa frase é bem curiosa, pq ela exprime uma realidade decadente. As coisas se tornam descartáveis e supérfluas. A frenética ação do mercado atrás de lucro determina uma rotina de consumo psicótico. Existe uma urgência em comprar tudo àquilo que é propagandeado. Essa produção super-desenvolvida deixa a qualidade de lado e dá lugar à quantificação da matéria. O propósito e a razão de existência dos produtos se perdem em meio à ganância e à alienação das pessoas. O foco da produção se tornou apenas o ganho financeiro, quando deveria ser a qualidade e a utilização dos produtos, que por conseqüência geraria lucro. Um objeto deve ser desenvolvido com fim no seu próprio uso, e não no que ele pode gerar em termos de rendimentos financeiros.

Essa distorção é refletida diretamente na sociedade. Se quem produz quer determinar movimentos sociais eles têm tal capacidade. A indução ao consumo se dá de formas até mesmo não compreensíveis. O ser absorve tudo que o circunda, o que significa que a mensagem não precisa ser necessariamente explícita. Cada filme da Disney que vc, inocentemente assiste, é cheio de mensagens que expõe valores daqueles que o escreveram. Vc absorve tais valores mesmo sem perceber e isso vai determinando uma ordem social que reflete valores daqueles que possuem os meios materiais.

Quando vc cresce e se determina como ser capaz de refletir suas ações e de repelir certos tipos de valores e aprendizados, baseado no que vc já experienciou, há, incrustado em vc todos esses valores subconscientes.

Ao final temos a pergunta: somos livres? Somos livre pensadores? Somos capazes de repelir e repensar nossa propria existencia?



Danda